Programa Néctar do Futuro valoriza apicultores e colabora para a consolidação da atividade em Minas Gerais
Apicultores de Três Marias e Olhos D’Água chegam a produzir mais de oito toneladas de mel em áreas florestais da empresa no norte do Estado
De flor em flor, as abelhas vão ajudando a conservar a biodiversidade do nosso planeta. Mas, para que esse trabalho natural seja feito, é preciso que elas encontrem ambientes saudáveis, onde possam criar suas colmeias e se reproduzirem. Um importante guardião desse sistema virtuoso, e altamente sustentável, é o apicultor, que cuida para que os enxames prosperem e se tornem uma importante ferramenta de desenvolvimento socioambiental.
Nos municípios de Três Marias e Olhos D’Água, em Minas Gerais, a Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, realiza desde 2019 um programa que reúne 25 apicultores associados à APIONG (Associação dos Pequenos Apicultores de Olhos d’Água) e a APIS Minas (Associação dos Apicultores de Andrequicé). A iniciativa tem como principal objetivo fortalecer o empreendedorismo sustentável nas regiões, contribuindo para desenvolvimento econômico e social no entorno das áreas florestais da Gerdau, utilizando as plantações de eucalipto da empresa como pasto apícola para produção local de produtos gerados pelas abelhas.
O programa é composto pela cessão de áreas florestais para instalação de apiários, do projeto de aceleração, e da produção de um brinde social que dá visibilidade ao produto e reforça o compromisso da empresa com os apicultores.
De acordo com dados das associações parceiras da Gerdau, os apicultores do programa “Néctar do Futuro” mantêm, nos dois municípios, mais de três mil caixas de abelhas, que produzem mais de 8 toneladas de mel silvestre.
Neste ano, o programa planeja novos passos para ampliar o número de apicultores participantes, por meio de parceria com uma terceira associação APICATI (Associação Dos Apicultores De Cachoeira Do Teobaldo), localizada no Buritizeiro, e também investimentos em um projeto de aceleração desses produtores regionais.
“A Gerdau acredita no empreendedorismo como ferramenta de transformação social e construção de futuro, por isso, há cerca de 15 anos abrimos as portas das nossas unidades florestais para que os apicultores pudessem produzir. Observando o grande potencial econômico e sustentável da atividade, em 2019, formalizamos um programa que privilegiou os produtores locais que atuavam com associativismo, contribuindo para o fomento da economia regional. Em 2020, em função da pandemia, muitas das atividades planejadas para o programa não puderam ser executadas, mas agora estamos perto de lançar um projeto de aceleração que irá diagnosticar, capacitar e apoiar os apicultores nos processos de planejamento, gestão, beneficiamento e comercialização de seus produtos”, ressalta Lucas Olstan Rando, Gerente Geral da Gerdau Florestal. O projeto de aceleração teve início em julho de 2021 e será desenvolvido por 12 meses.
Guardiões ambientais
Um dos apicultores que integra o programa desde o início é Rogério Rodrigues de Freitas Gouveia, 39 anos. Criado em uma família de apicultores de São Paulo, ele lida com abelhas desde os 7 anos de idade. Os quase 32 anos de experiência no manejo dos apiários rendeu a Rogério boas práticas de extração e produção de mel e cera, e ele exalta o trabalho que é realizado hoje em Três Marias. “O clima, a temperatura, muita mata nativa, muita água, tudo o que as abelhas gostam”, atesta Rogério.
O apicultor se orgulha de sustentar a família por meio de sua atividade e de não utilizar agrotóxico. “Precisamos estar sempre atentos à área do entorno dos apiários, ao desenvolvimento das colmeias, protegendo de predadores, como o tatu-canastra, por exemplo. Para não estragar a produção de mel, montamos cavaletes altos que esses animais não alcancem. Ao manter o ambiente ideal para o desenvolvimento das abelhas, aumenta-se a polinização, impulsionando a produtividade dos cultivos e impactando positivamente o meio ambiente de toda a região” ressalta Rogério, que se alegra em ser um “guardião da natureza”.
Crescimento em 2021
De acordo com o Emater-MG, a apicultura vem ganhando força em praticamente toda Minas Gerais e a perspectiva para 2021 é que esse crescimento se mantenha. Em 2020, nos primeiros meses da pandemia, por exemplo, a demanda por mel e derivados cresceu 30% no Estado, segundo dados divulgados da Federação Mineira de Apicultura (Femap).
O segmento é um importante gerador de renda e emprego. De acordo com o Emater-MG a atividade apícola envolve cerca de 7 mil apicultores em Minas, e gera mais de 42 mil empregos diretos e indiretos, colocando o Estado na quinta posição entre os produtores brasileiros.